Fritjof Capra e a Consciência


 Em seu livro As Conexões Ocultas o autor estuda a consciência a partir da definição da cognição feita através da teoria de Santiago, como a atividade que garante a autogeração e a autopercepção do processo da vida, é uma atividade mental que organiza os sistemas vivos; inclui a percepção, as emoções e o comportamento. A mente é um processo e o cérebro uma estrutura pela qual se manifesta este processo.
                   No estudo da consciência existem dois pontos importantes, um coloca que a consciência é um processo cognitivo que surge de uma atividade neural complexa, outro distingue dois tipos de consciência. O primeiro tipo é a consciência primária, quando o processo cognitivo é acompanhado de percepção, sensação e emoção. O segundo é chamado de consciência de ordem superior, autoconsciência ou consciência reflexiva, que envolve alto grau de abstração cognitiva elaborando valores, crenças, objetivos e estratégias.
                   O autor comenta a teoria de Varela, que coloca o espaço mental como uma experiência consciente composta de muitas dimensões, criadas por muitas funções cerebrais diferentes, mas constituindo uma experiência coerente. Os estados da consciência são transitórios, surgindo e desaparecendo continuamente e estão inseridos num determinado campo de sensações sempre com uma dominante.  Varela coloca que o mecanismo neural que explica os estados transitórios da consciência é um fenômeno de ressonância denominado de “sincronização de fase”, que seria a interligação de diferentes áreas cerebrais com seus neurônios, ativando-se em sincronia um com os outros, constituindo um “conjunto de células” temporárias compostos de circuitos neurais dispersos e distintos entre si.
                   Outra abordagem semelhante é feita por Edelman e Tononi, que colocam que a experiência consciente é altamente integrada e diferenciada porque podemos perceber num curto espaço de tempo muitos estados de consciência. Eles denominam de “reentrada” o mecanismo que explica a rápida integração dos processos neurais em diferentes áreas do cérebro, consistindo numa troca contínua de sinais paralelos, quando diversos grupos de células nervosas sofrem uma “aglutinação”. Assim, uma experiência consciente surge através de um aglomerado funcional de neurônios que, juntos constituem um processo neural unificado chamado de “núcleo dinâmico”. Estes grupos são variáveis de indivíduo para indivíduo e não são previsíveis e relacionados a determinadas situações.
                   Os cientistas da cognição colocam que o pensamento conceitual se encarna no corpo e no cérebro, ou seja, a mente é encarnada.  A razão não transcende o corpo, mas é determinada e formada por nossa natureza física e experiências corporais. A estrutura do corpo e do cérebro determina os conceitos e os raciocínios que podemos fazer.
                   O nosso inconsciente cognitivo molda e estrutura o pensamento consciente. A maioria de nossos pensamentos é inconsciente e inclui as operações cognitivas automáticas, as crenças e conhecimentos tácitos.
                   Capra observa que a dimensão social da consciência muitas vezes é ignorada pelos estudiosos, o que não deveria acontecer porque a consciência reflexiva surge a partir do desenvolvimento da linguagem e da realidade social. Somos seres sociais e nos comunicamos uns com os outros, é um cérebro interagindo com outros cérebros e corpos. A concepção sistêmica e unificada da vida tem como padrão básico de organização a rede, em todos os níveis, desde as redes metabólicas dentro da célula até as redes de comunicação humana. Os componentes dos sistemas vivos se interligam através de um padrão de rede no qual cada componente contribui para a formação de outros componentes.               
       

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