Blavastsky e a Consciência

                
                Em seu   A Doutrina Secreta, escrito em 1888, a autora critica as definições ocidentais incompletas sobre a consciência, por elas não diferenciarem a consciência da autoconsciência. Coloca que o animal é consciente e o homem autoconsciente. O animal não tem consciência do Eu, o que o homem possui e lhe permite observar a si mesmo. Autoconsciência é um atributo da mente e não da alma. A consciência cerebral é o campo iluminado pela luz do Ego ou Eu, do Ovo Áurico, do Manas Superior (Mental Superior). O instinto é um grau inferior da consciência. O verdadeiro campo da consciência é o Ego; os sentimentos elevados percorrem os sete estados da consciência e alcançam o Ego e a mente põe em vibração as células mentais. Podemos analisar e descrever a operação da consciência, mas não podemos definir a consciência sem supor um sujeito consciente.
                 Conhecimento, sentimento e vontade não são faculdades da mente, mas seus acompanhantes, não derivam um do outro e sim são princípios co-associados. Para adquirir conhecimento precisamos da memória, que dispõe e provê tudo, é uma coisa artificial, uma adjunção de relatividades, pode ser aguçada ou embotada, o que depende do estado das células cerebrais que armazenam todas as impressões. A memória é adquirida para essa vida e pode desenvolver-se.
O homem pode receber e registrar em sua consciência e em sua memória sete impressões simultaneamente, o que prova isto é a capacidade da consciência perceber as sete notas musicais ao mesmo tempo, o ouvido não educado percebe uma depois da outra. Através de exercícios feitos duas ou três vezes por semana o homem pode perceber quatorze ou mais sons e dezessete ou dezoito impressões cromáticas.
O cérebro é o órgão próprio da percepção física, a qual está localizada na aura da glândula pineal, que vibra em resposta a quaisquer impressões. Essa aura está em constante vibração em sete matizes de luz durante o processo de pensamento. O cérebro, ao vibrar, transmite as vibrações para o cordão espinhal e assim para o resto do corpo. Tanto emoções positivas quanto negativas ocasionam fortes vibrações que desgastam o corpo.
A consciência animal é constituída pela consciência de todas as células do corpo, menos as do coração. Ele é o centro da consciência espiritual e o cérebro é o da consciência intelectual. O homem só pode guiar sua consciência quando estiver sintonizado com sua consciência superior, até então a consciência guia o homem, daí os remorsos e angustias que vem do coração e não da cabeça. 
No volume dois da Doutrina Secreta, na seção VI, denominada O Ovo do Mundo, a autora explica como este símbolo foi utilizado e o que ele representa. Notamos que o mesmo símbolo é utilizado para definir os níveis da consciência humana. (BLAVASTSKY, II, seção VI, 1980, p.66)
A figura do ovo como signo sagrado estava presente no que ela denomina de Cosmogenias de todos os povos da terra e, foi venerado tanto por causa de sua forma como pelo mistério que encerra. Desde a antiguidade foi considerado o símbolo que melhor representa a origem e o segredo das criaturas, pelo fato de conter dentro de si um ser que se desenvolve imperceptivelmente, necessitando somente de calor e ao romper a casca aparece como um ser aparentemente gerado por si mesmo. A segunda razão pela qual foi o ovo escolhido como a representação simbólica do Universo e de nossa Terra está na sua forma. A primeira manifestação do Cosmos sob a forma de ovo era a crença mais difundida da antiguidade. O formato de circulo, esfera e a forma ovóide do nosso Globo já deviam ser conhecidas e era um símbolo usado pelos gregos, os sírios, os persas e os egípcios.

A consciência do homem passa pelas quatro chaves de sua consciência setenária; há sete graus de consciência em sua consciência, que, entretanto, não deixa de ser essencialmente uma, isto é, uma unidade. Há milhões e milhões de estados de consciência, como há milhões e milhões de folhas nas árvores; mas assim como não se podem encontrar duas folhas idênticas, também não existem dois estados de consciência iguais. Um estado de consciência nunca se repete exatamente. 
(BLAVASTSKY, VI, 1980, p.207)

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